Formatura 2015 - Ensino Médio

Em 2015 tivemos a alegria de formar a primeira turma do Ensino Médio IEIJ. Tendo assim a certeza de que um comprometimento cognitivo não impede a prendizagem e a consquita profissional.

Dessa vez, no lindo auditório cedido pelo IAPAR, a quem publicamente agradecemos a generosidade.  

O discurso é feito pelos alunos que colocaram em textos as suas ideias e a mensagem que querem transmitir. De um jeito bem descontraído eles escolheram uma forma muito peciuliar de fazer a sua apresentação.

Abaixo o discurso dos formandos e da professora homenageada: a fundadora do IEIJ Luiza Leonor Cavazotti e Silva.

"Você sabia que nós tivemos um curso especial  de Ensino Médio só para nós três?

Você sabia que não tínhamos uma escola para prosseguir os estudos e que a Luiza construiu um Ensino Médio para nós?

Você sabia que no Ensino Médio nós ficamos mais responsáveis e tivemos mais amizades com outras turmas?

Você sabia que queremos um Brasil melhor para o nosso futuro, com melhores chances de trabalho?

Você sabia que queremos continuar estudando e trabalhando nos próximos anos, para melhorarmos nosso desempenho no trabalho e na vida?

Você sabia que as autoridades de nosso país deviam prestar mais atenção na educação dos jovens e das crianças?

Você sabia que nós já estamos trabalhando como profissionais há mais de um ano?"

(Henrique, Juliana e Roberta)

 

"Senhor Presidente e Senhor Diretor do IEIJ e membros da mesa,

            Senhores Pais, familiares e convidados para essa dupla solenidade

            Meus colegas professores e funcionários do IEIJ

            Prezados alunos do 9º ano, e demais alunos,

            peço-lhes licença para me dirigir – especialmente, aos meus afilhados – Henrique, Juliana e Roberta, e aos seus pais:  Rosana e José Luiz Burgo; Roselaine e Roberto Arita; Denise e Milton Galvão.

            Inicialmente, quero lhes dizer que fico muito feliz em ser a madrinha, a paraninfa do 3º ano do Ensino Médio de 2015.

            Sei que sou representante de todos os professores e funcionários nessa função. Mas, mesmo assim, foi uma alegria muito grande para mim, ser a escolhida por vocês para ser a marca histórica de sua trajetória nos três anos de Ensino Médio no IEIJ. Nesses 43 anos de IEIJ, vocês três são os primeiros formandos do curso Colegial! Muito obrigada.

            Como comentávamos no nosso jornalzinho, o IEIJ, antes de nascer, isto é, durante a sua gestação, tinha a certeza de que não queria ser somente uma escola. O IEIJ queria ser um centro, uma instituição de aperfeiçoamento do ensino.

            Foi no seguimento desta sua vocação que o IEIJ se deparou com o grande cientista da inteligência – o biólogo Jean Piaget.

            Através de experimentos com moluscos, peixes, e, em seguida, com a observação e diálogo com crianças, Jean Piaget descobriu que Inteligência é uma característica básica de todos os animais, que lhes permite sobreviver, adaptando-se ao meio em que vivem.

           

 

           

            As pesquisas de Piaget mostraram, também, que o ser humano nasce, como os animais, com um equipamento básico, hereditário, que lhe permite aprender, porém, é em contato com o meio, resolvendo as situações, os problemas reais da vida, que ele vai desenvolvendo, cada vez mais, a sua capacidade de adaptação, de aprendizagem. Consequentemente, aumenta a sua inteligência e amplia suas vias neurais. Em outros termos, nossa inteligência cresce e nosso cérebro torna-se mais sofisticado – fisicamente falando – na medida em que nos relacionamos com os fenômenos da vida – em todos os seus campos – emocional, social, moral, artístico, científico, histórico, geográfico, espiritual, matemático, e quaisquer outros que possamos imaginar.

            Passaram-se muitos anos para que os responsáveis pela Educação no Brasil entendessem que, se todos podem aprender, como mostraram Piaget e educadores como a deputada federal Esther Grossi, todos devem frequentar a escola juntos, mesmo que sendo necessárias adaptações nos currículos.

            O IEIJ, que já tinha especificado em seu Estatuto – de 1967 – a necessidade de educar os alunos em ambiente diversificado, pois a diversidade é que se mostra rica em situações de aprendizagem, continuou aprimorando uma pedagogia que abrangesse a maior diversidade de alunos, e atingisse a cada um com a maior profundidade possível.

            Essa pedagogia atraiu a muitos pais que estavam percebendo dificuldades escolares em seus filhos. E, o fato de tê-los atraído, instigou a Escola a estudar mais, aprofundar-se nas Neurociências e na teoria piagetiana para obter melhores resultados com todos os seus alunos.

            Chegou o momento em que, com os filhos às portas do Ensino Médio, os Senhores, pais da Juliana e do Henrique, armaram a situação-problema para que o IEIJ resolvesse: - precisamos do Ensino Médio!

            O IEIJ aceitou o desafio.

           

 

 

            Foram várias reuniões, muitos estudos, entrevistas com especialistas, para que o IEIJ se preparasse para um Ensino Médio – mas não um Ensino Médio simplesmente regular. Queríamos oferecer a esses Pais – e a todos os outros que se interessassem – um Ensino Médio regular, porém, com um olhar voltado para o mundo do trabalho!

            A experiência que o IEIJ realizou, coordenando e ensinando os jovens da Guarda-Mirim – de 2002 a 2009 – tinha sido muito frutífera, tanto para os adolescentes, quanto para os educadores. Ela foi um laboratório de muita aprendizagem – tanto teórica como prática – para o IEIJ, em vários aspectos educacionais, inclusive na área profissionalizante.

            A realização de nosso Ensino Médio foi empolgante! Todos os professores queriam dar aula para vocês – Roberta, Henrique, Juliana. Vocês estiveram sempre entusiasmados, cooperadores nas aulas, e mantiveram relacionamentos com os alunos das outras turmas. Especialmente, nos primeiros anos, sua turma tornou-se um polo agregador de alunos do ginásio!

            Seu primeiro estágio profissional foi no próprio IEIJ – na Biblioteca, na recepção e no refeitório.

            Constatamos, ali, que estavam preparados para mais, para sair do trabalho na Escola e estagiar em empresas.

            Nessa busca de estágios, encontramos nossas grandes parceiras – a Dra. Izabel Cristina Fantinato Sahão – diretora Geral do Hospital do Coração – as assistentes sociais Andréa Tognon Tomezak e Júlia Andrea Pupin e as psicólogas Ana Carolina Vieira de Souza e Silva, Maria Tereza Costa Carvalho e Samanta Soares dos Santos do Hospital do Coração.

            Elas acreditaram em vocês, em nós e em seus pais. E, quando vimos, vocês (primeiro Juliana e Henrique; logo, Roberta) já estavam registrados, com carteira assinada!

            Foi tudo tão rápido, que vocês, para nós, cresceram de repente! Mudaram seu comportamento, ficaram maduros.

            Era tudo o que nós queríamos!

           

 

 

            Quero agradecer, neste momento, ao Milton e Denise, Rosana e João Luís, Rosileine e Roberto, em meu nome e em nome do IEIJ, pela parceria, pela cumplicidade, pela harmonia com quem vocês conviveram conosco, desde que seus filhos entraram nessa Escola. Vocês, e eles, nos ajudaram a crescer, enquanto profissionais da Educação, e enquanto pessoas.

            Quero também, em nome do IEIJ, agradecer ao Hospital do Coração, através de ....., a receptividade, o valor humano e o respeito com que vocês acolheram o IEIJ, a Juliana, o Henrique e, agora, a Roberta, e as suas famílias. Sinto grande admiração pela administração humana que vocês imprimem no ambiente profissional.

            A vocês três, Roberta, Henrique e Juliana, os meus parabéns pela sua realização educacional, e pela sua iniciação profissional.

            E muito obrigados, pois aprendemos muito com vocês.

            Vamos pensar juntos, agora, sobre o seu futuro.

            Ë importante que continuem a se empenhar na atividade profissional, compreendendo que vocês estão inseridos no contingente de cidadãos brasileiros, e que têm a sua parcela de responsabilidade sobre o desenvolvimento de nosso País.

            Mas, além de cidadãos e profissionais, é necessário que os encaremos enquanto pessoas.

            Para isso, voltaremos à teoria da inteligência, e, também, das Neurociências.

            A inteligência se desenvolve, na medida em que é alimentada pelas aprendizagens. E, o cérebro cria conexões novas e mantém as anteriores, alimentado por essa inteligência.

            Não existe formatura para a inteligência e para o cérebro. Todos os dias nos formamos mais inteligentes, se adquirirmos conhecimentos novos, se fizermos uso de nossas ferramentas para aprender.

            Solidário a esse conceito é o de que, diariamente, durante toda a nossa vida podemos exercitar e desenvolver nosso senso moral, espiritual, nossa capacidade física, nossa capacidade de fazer e manter amizades, nosso senso estético – isto é, nossas características humanas.

            A chamada Educação Permanente, em todos os seus aspectos, é uma característica humana, que deve ser cultivada, para dar sentido pleno à vida.

            Gostaríamos que vocês não se esquecessem disso: humanizar-se é um processo contínuo da busca da verdade, da bondade, da beleza.

            Da verdade, que compreende o conhecimento, o pensamento, a inteligência.

            À bondade corresponde o relacionamento com as pessoas, a amizade, o amor, a dedicação, a espiritualidade e a moralidade.

            E, a beleza é o campo do usufruir e do produzir a arte; do maravilhamento diante da beleza da vida e da natureza.

            Encerro, dizendo-lhes que as portas do IEIJ estão abertas: para deixá-los sair rumo à sociedade mais ampla; mas, também, para acolhê-los, auxiliando-os naquilo que é de competência dela: o conhecimento.

            Obrigada,

Luiza Leonor Cavazotti e Silva"