Entenda os quatro modelos parentais e como eles podem influenciar na alimentação e vida do seu filho!
Nos artigos anteriores, já identificamos o alcance do conceito de educação saudável e como se estabelece. Também analisamos o papel dos pais, da escola e da criança. Agora vamos para reflexões e insights sobre os modelos de nos relacionarmos com os filhos e porque acabam influenciando na alimentação.
Autoritarismo e permissividade
Na disciplina positiva, é costume fazer um gráfico com certos modelos parentais. São eles: autoritário, responsivo, negligente e permissivo. É possível encontrar-se em um modelo e, em outro momento, em outro. Dificilmente encontramos alguém que está constantemente estacionado em um único.
O modelo parental autoritário é onde há uma hierarquia bem definida: o pai manda e o filho obedece. As margens são rígidas, com pouca flexibilidade e frequentemente marcada pela punição. Nesse modelo, a criança tem pouco espaço para tomar decisões e questionar, só escutando e repetindo.
O que acaba por proporcionar pouco espaço para que ela desenvolva auto responsabilidade e autorregulação. Temos um adulto que diz o que fazer em todos os aspectos da vida.
O modelo parental permissivo possui margens amplas demais. A criança pode realizar escolhas demais, ter experiências e consequências irrestritas. É uma relação de, praticamente, igualdade, quase sem a presença de punições. O que não deixa de ser um problema, pois não existe um modelo a seguir.
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Negligência e responsividade
Se você consegue identificar o negativo do autoritarismo e o negativo da permissividade, não terá dificuldades em identificar os riscos da negligência, onde os pais são indiferentes. Não possuem expectativas, nem deixam de ter. Não há uma restrição em mostrar afeto, nem demonstrar demais. Na verdade, sequer demonstram.
A negligência é muito nociva pois deixa a criança à mercê de expectativas, afetos e sentimentos. De tudo. E, por fim, temos o modelo parental responsivo. Na disciplina positiva, falamos que é o equilíbrio da gentileza na permissividade com a firmeza do autoritarismo. Esse modelo corresponde às demandas das crianças, estimulando-as a encontrar uma solução para o erro e aprendendo a partir dele.
Então, podemos encontrar nesses quatros modelos a forma aproximada de como nos conectamos e relacionamos com nossos filhos, principalmente durante dificuldades. O maior desafio é achar o ponto central onde há margens mais flexíveis. A criança com espaço para desenvolver a autonomia, a autodisciplina e regular as emoções, extremamente coerente à proposta do IEIJ, inclusive.
O modelo parental responsivo corresponde às demandas das crianças
O impacto dos modelos parentais na alimentação
Voltando ao nosso assunto de alimentação, esses modelos parentais têm grande impacto e diferença. Pais autoritários também tendem a ser autoritários na alimentação. Para eles, o ideal é onde há pouca escolha para os filhos e que os próprios estejam no controle.
O problema é que a criança, de forma fisiológica, perde o contato com o mecanismo de fome e saciedade, não sabendo quando está comendo por fome ou emoção. Desenvolve um senso errôneo de quantidade e dificuldade para identificar os próprios gostos.
É, inclusive, mais provável de uma criança forçada a comer desenvolver um alimento desenvolver uma aversão a ele e também estabelecer outras dificuldades, como seletividade, falta de aceitação e transtornos alimentares. Às vezes, obrigamos nossos filhos achando que está surtindo um efeito educativo, mas o educar é um efeito que vem de dentro.
Educar é um ato que vem de dentro. Como educadores, nós observamos o que vem de dentro do educando e ajudamos a extrair os potenciais. Aquilo que é controlado e obrigado pelo outro, ensina, mas ensinar a pegar o garfo e levar à boca é a parte mais fácil da alimentação. O difícil é educar.
Na negligência, a criança não tem parâmetro nenhum. Também facilita o desenvolvimento de transtornos de aceitação e de dificuldades alimentares, isso se ela não estiver em risco. Pais negligentes não costumam se preocupar com a qualidade e regularidade da alimentação. Por sua vez, a permissividade está muito associada a escolhas amplas, que muitas vezes as crianças não teriam condições de fazer.
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A alimentação responsiva
No artigo passado, já foi dito que, como provedores e facilitadores, nosso papel é trazer à mesa aquilo que consideramos adequado e, dentro desse universo, oferecermos a possibilidade de escolha à criança. Escolhas limitadas. A permissividade não as delimita. Além de expor a transtornos alimentares, como o comer compulsivo e obesidade, também há situações que colocam a saúde a longo prazo em risco.
O modelo preconizado pela Organização Mundial da Saúde, pela Sociedade Brasileira de Pediatria e pelo nosso Ministério da Saúde é o modelo responsivo. Na alimentação responsiva, nós atendemos as demandas dos nossos filhos, respeitando a quantidade que a criança quer comer, que oferece escolhas limitadas e promove um ambiente onde é possível desenvolver os próprios gostos.
Oferecemos às crianças o poder de escolha limitado
Na escola também deve ser trabalhada a alimentação
A apresentação desses modelos parentais pode causar um certo incômodo, dependendo de qual modelo nos identificamos, mas pode nos ajudar a ser mais conscientes no processo de educação, inclusive na alimentação de nossos filhos. E não é tem como tratar de alimentação infantil sem integrar escola e família, são todos ambientes com pessoas que influenciam a formação da criança. Nós, do IEIJ, temos consciência disso e fazemos o possível para que nossos alunos tenham uma relação harmoniosa e divertida com a comida, incentivando-os a escolher, colher e preparar os próprios alimentos com o nosso auxílio. Se você procura uma escola que valorize a alimentação do seu filho, que tal conversarmos?